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Festa de Inauguração

Teatro do Concreto

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Teatro

Brasil

16 anos

75'

R$30 inteira

R$15 meia entrada

R$10 credencial plena

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Em agosto de 2011, uma reforma por infiltração no teto do Salão Verde do Congresso Nacional revelou mensagens escritas a lápis nas paredes que ficam entre o forro e a laje. Ali no “caixão perdido”, diz o jargão arquitetônico, dada a inércia desse espaço. O registro foi feito por operários em 1959, ano anterior à abertura do prédio.

Os enunciados deram o que pensar, como o anônimo “Brasília de hoje, Brasil amanhã”. E aquele de José Silva Guerra, nome firmado num simbólico 22 de abril: “Que os homens de amanhã que aqui vierem tenham compaixão dos nossos filhos e que a lei se cumpra”. Candangos, em sua maioria analfabetos ou semianalfabetos, endereçaram palavras aos que virão. São conhecidas assim as pessoas que ergueram os grandes edifícios na cidade, geralmente oriundas do Nordeste.

O grupo Teatro do Concreto parte desses escritos, alusivos a um futuro melhor para o país e à crença nas instituições democráticas, para realizar em cena uma série de reflexões sobre o ato de destruir e reconstruir – ciclo constante na humanidade.

Concebida sem tomar como base a noção de personagens ou de começo-meio-fim, a dramaturgia de João Turchi é tecida a partir das falas e narrativas não reveladas espontaneamente, mas sim através de desfazimentos.

O diretor Francis Wilker salienta os conteúdos soterrados que precisam vir à tona, seja nos campos da história ou da arte, seja nas trajetórias pessoais. E esse processo se dá por meio da destruição. Gesto que ganha novas camadas e pode ser lido como metáfora para a voga do desmonte de políticas públicas, silenciamento de grupos minorizados e revisionismo histórico.

Ao revolver esse material, que Turchi associa às inscrições rupestres de uma caverna, a equipe olhou para a própria memória. A exemplo da peça “Diário do Maldito” (2006), em torno da vida e obra do dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999). A estreia no Teatro Oficina do Perdiz foi uma atitude de resistência pela oficina mecânica que por mais de 20 anos funcionou à noite como espaço cultural independente, até ser demolida pela especulação imobiliária. Performar ruínas, pois, é tarefa com vistas a engajar espectadores.

Quem são
Fundado em 2003, o Teatro do Concreto é um grupo de Brasília com artistas interessados em dialogar com a cidade e seus significados simbólicos e reais. Assume a diversidade e a pesquisa como princípios de gestão e composição artística. Soma nove espetáculos e intervenções cênicas, como “Entrepartidas” (2010), “Extraordinário” (2014), “Festa de Inauguração” (2019) e “Se Eu Falo É Porque Você Está Aí” (2020).

Ficha técnica
Elenco Gleide Firmino, Micheli Santini, Adilson Diaz e Diego Borges
Direção Francis Wilker
Dramaturgia e codireção João Turchi
Desenho de luz Guilherme Bonfanti
Iluminador Higor Filipe
Cenografia e figurinos André Cortez
Assistente de cenografia e figurinos Marina Fontes
Direção musical Diogo Vanelli
Projeções e registro audiovisual Thiago Sabino e Fábio Rosemberg
Produção Júnior Cecon