Dança
Brasil | Argentina
14 anos
50'
14 set ∙ Quarta ∙ 19h00
Arcos do Valongo15 set ∙ Quinta ∙ 19h00
Arcos do ValongoRenasça. Morra. A certa altura, as sentenças verbais – supostamente ambivalentes – são reiteradas e pontuam “c h ãO”, trabalho que corre atrás da instabilidade para conferir o que ela pode oferecer em termos de potencialidades. No linóleo deslizante, seis performers e cocriadores, um deles ao piano, cruzam um emaranhado de ações como se seus corpos fossem sismógrafos. Enquanto o mundo ao redor pende, oscilam eixos sem perder a ternura e a vibração.
O público está diante de uma peça fragmentária e incompleta que toma emprestado da música o trêmulo – também conhecido como o som da dúvida – e a dissonância para pensar a tensão como vínculo vibrante e não somente como quebra.
As diretoras Marcela Levi e Lucía Russo evocam o trítono, intervalo dissonante bastante usado em filmes de suspense, também conhecido como intervalo do diabo. Seu som dá ideia de movimento, instabilidade, e quando não é acompanhado por um acorde de resolução o ouvinte fica angustiado, tenso, pois o trítono traz uma “necessidade” de ser resolvido. A dissonância na música não resolve, ela suspende.
Suspender-se, pendurar-se em um intervalo, uma fenda no tempo entre em cima e embaixo, entre um lado e outro, lançar-se na instabilidade, na trepidação, no groove. Tocar o chão para saltar novamente, saltar para voltar ao chão. Bater os pés no chão para levantar poeira, partículas em suspensão. Bater no chão, abalar a terra, fazer tremular corpos distantes.
Por ocasião da apresentação da obra no festival belga KFDA (Kunstenfestivaldesarts), em 2021, a crítica de arte Sylvia Botella escreveu na revista francesa “Toute la Culture” que “não é o desenrolar de uma peça de dança, harmoniosamente arranjada com imagens autônomas ligadas entre si por uma mensagem política a ser transmitida sobre o Brasil. Acima de tudo, é um terreno de dança surpreendente e irradiante. Ele liberta. A comunidade é sem fim ali”.
Quem são
Em 2010, as coreógrafas Marcela Levi (Rio de Janeiro, Brasil) e Lucía Russo (Patagônia, Argentina) fundaram, na capital fluminense, a Improvável Produções, um lugar nômade de formação, pesquisa e criação. Levi & Russo apostam em uma direção polifônica em que diferentes posições inventivas se entrecruzam em um processo que acolhe linhas desviantes, dissenso e diferenças internas como força crítica construtiva e não como polaridades autoexcludentes. O trabalho da Improvável vai em direção a uma estética experimental que surge de um encontro singular com os impasses da sociedade brasileira. Aí reside um esforço rigoroso, em vez de sucumbir, transformar os embaraços e as tensões na própria matéria de uma produção artística.
Ficha técnica
Concepção e direção Marcela Levi & Lucía Russo
Performance e cocriação Alexei Henriques, Ícaro Gaya, Lucas Fonseca, Martim Gueller, Tamires Costa e Washington Silva
Interlocução Ana Kiffer e Felipe Ribeiro
Assistência Lucas Fonseca e Tamires Costa
Desenho de luz e direção técnica Laura Salerno
Desenho de som toda a equipe
Figurinos Levi & Russo
Assessoria na sonorização Diogo Perdigão
Iluminador assistente Fellipe Oliveira
Técnico de som André Omote e André Teles
Cenotécnico Marcus Garcia
Registro em vídeo Sergio López Caparrós
Edição de vídeo Renato Mangolin
Fotografia Emily Coenegrachts, Renato Mangolin, Carlos Gueller
Produção e realização artística Improvável Produções
Coprodução Kunstenfestivaldesarts, Kaaitheater, Julidans, PACT Zollverein e Something Great
Distribuição Something Great
Apoio Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal de Cultura, Consulado da Argentina no Rio de Janeiro, Espaço Cultural Sítio Canto da Sabiá e Instituto Villa-Lobos Unirio
Patrocínio Fomento a Todas as Artes – Lei Aldir Blanc | Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro
Agradecimentos Alberto Lalouf, Adriana Coma, André Lepecki, Angela Camargo Seixas, Ana Kavalis, Andrea Del Giorgio, Bruno Jacomino, Carolina Herman, Cecilia Russo, Diego Dantas e o time do CCO, Dina Salem Levy, Doriana Mendes, Daniel Bargues, Fernando Salis, Ginetta Mortera, Giulia Messia, Gustavo Ciríaco, Irene Lenz, Joaquim Alves Ribeiro, Katharina Wallisch, Laura Erber, Luis Maria Giannetti, Maria de Paiva Ribeiro, Maria Villalonga, Marta Heumann, Patricia Giannetti, Paula Delecave, Paula Giannetti, Rui Silveira, Sérgio Barrenechea, Sérgio Rezende, Sol Giannetti, Steven Harper, Susana Russo, Teresa Bofill, Valéria Meireles, Vera Mantero, Verónica Russo e Victoria Giannetti
“Vento”, instalação concebida por Lucía Russo em colaboração com Marcela Levi e consultoria técnica de Bruno Jacomino, desenvolvida dentro do projeto “A Room of Wonder”, (2013) de Gustavo Ciríaco
“Marina & Ulay”, instalação concebida por Marcela Levi, uma transcriação da ação “Imponderabilia” (1977), de Marina Abramovic e Ulay