Teatro
Chile
14 anos
55'
12 set ∙ Segunda ∙ 18h00
Centro Cultural Português (Teatro Armênio Mendes)13 set ∙ Terça ∙ 18h00
Centro Cultural Português (Teatro Armênio Mendes)O advento da pandemia do novo coronavírus levou as artes cênicas, vinculadas à presença, a desvendar outras formas de presencialidade. No primeiro ano das recomendações sanitárias para o isolamento social, em 2020, o ator e diretor chileno Malicho Vaca Valenzuela buscou estratégias possíveis em plataformas digitais – como seus pares ao redor do mundo.
“Chile, Santiago, depois da Cordilheira, do outro lado, no fim do mundo, aí está minha casa” – era assim que o artista introduzia a plateia que o acompanhava em videoconferência por meio do aplicativo Zoom. No Mirada, a apresentação será em formato presencial, numa atuação solo que aumenta a voltagem performativa da obra.
A partir de ferramentas de geolocalização, o artista concilia mergulhar em sua biografia e, ao mesmo tempo, na biografia da cidade de Santiago. Empreende um esforço para cartografar a memória recente e, ao mesmo tempo, as cicatrizes mais profundas.
Seu entendimento é de que a pesquisa resultou um ensaio documental biográfico com gradações do sensível, do político e do íntimo.
Como narrador de “Reminiscencia”, Valenzuela afirma que todo o conteúdo exibido não pertence realmente a si. Afinal, são imagens, ideias, fotografias e vídeos de familiares, por vezes amigos e sobretudo de pessoas anônimas, numa representação simbólica do potencial de conectividade na internet. “É o que eu gosto de chamar de uma colagem de memórias coletivas”, diz o artista sobre essa simbiose pública e pessoal. Além da “topografia emocional” com a capital chilena, o universo familiar ganha relevo a partir do convívio cotidiano com os avós, um músico e uma cantora com quem passa a quarentena.
O roteiro diz respeito tanto à história de amor dos avós, sendo ela há anos diagnosticada com Alzheimer, mas cujas lembranças para tangos e boleros não esmorecem, como também ao processo de apagamento da fisionomia urbana, com demolições na região central ou de higienização da Praça Italia, palco histórico das manifestações populares que transformaram os rumos do país, ontem e hoje.
Quem são
A Compañía Le Insolente Teatre surge em 2013 com a estreia da obra “Bolero de Almas Perdidas” e é composta dos atores Malicho Vaca Valenzuela e Ébana Garín. Seguiram-se as montagens de “Los Hombres Tristes”, “Monica: El Truncado Vuelo de la Paloma”, “Las Cosas que Nunca Dije”, “PARANOIA” e “Reminiscencia”, premiada pelo Círculo de Críticos de Arte do Chile como melhor criação on-line de 2020. Nesse caminho, há um cruzamento constante e variado de disciplinas artísticas com noções de memória, corpo, território e dissidência.
Ficha técnica
Dramaturgo, diretor e performer Malicho Vaca Valenzuela
Representante e assistente de direção Ébana Garín Coronel
Produção no Brasil Difusa Fronteira – Felipe França Gonzalez e Nina Souza