Teatro
Peru
Livre
95'
14 set ∙ Quarta ∙ 20h00
Teatro Brás Cubas15 set ∙ Quinta ∙ 22h00
Teatro Brás CubasO monólogo que abre com a frase “Ser ou não ser, eis a questão” é embalado por um rap. Três atrizes e cinco atores revezam o microfone como o fazem com a coroa do príncipe de Shakespeare ao longo da apresentação. O coletivo é o protagonista.
Artistas adolescentes e adultos com síndrome de Down apropriam-se da tragédia com irreverência e pegada pop nessa criação da Teatro La Plaza, uma companhia de Lima. O relato pessoal é incorporado ao clássico e diz sobre agir e posicionar-se diante dos acontecimentos da vida.
Sob dramaturgia e direção de Chela De Ferrari, dividem anseios e frustrações através de uma versão livre de “Hamlet”. A obra é tecida entre o texto – da virada do século XVI para o XVII – e a vida dos intérpretes, com franca margem para a irreverência crítica. O ponto de partida é a pergunta que a maioria dos seres humanos formula diante de sua existência: Ser ou não ser? O que implica ser para pessoas que não encontram espaços em que são levadas em conta?
“Historicamente, cidadãos com síndrome de Down têm sido considerados um fardo, um desperdício social. Que valor e significado têm hoje sua existência em um mundo em que a eficiência, a capacidade de produção e os inatingíveis modelos de consumo e beleza são o paradigma do ser humano?”, questiona De Ferrari, que define sua versão como “contrária livre”, ou recontra libre.
Entre pontuações para que a sociedade respeite seus direitos, o elenco vai e vem do espaço da cena para a plateia, sentando-se ao lado de espectadores. Estão lá todas as passagens da peça, uma das mais montadas no planeta, como a da despedida de Ofélia, tripartida em distintas vozes e corpos.
Um verso da canção final, em que oito atuantes pulsam, reconhece que “Eu não sou como os demais, e daí?”. Elas e eles querem falar e concretizar amores e sonhos. Não é pouco.
Quem são
Teatro La Plaza é um espaço de criação que investiga e interpreta a realidade para construir um ponto de vista crítico que dialogue com sua comunidade. Está em atividade desde 2003 produzindo obras capazes de questionar, provocar e surpreender. Através da nova dramaturgia ou de clássicos sob uma perspectiva contemporânea, suas propostas buscam formular perguntas-chave que permitam entender melhor a realidade, os agitados tempos que vivemos e a complexa natureza do ser humano. A dramaturga e diretora peruana Chela De Ferrari estudou teatro em seu país e pintura em Porto Rico, bem como trabalhou por anos na Argentina. Outra versão shakespeariana sua foi “Mucho Ruido por Nada” (2016), só com homens no elenco.
Ficha técnica
Dramaturgia e direção geral Chela De Ferrari
Direção adjunta e consultoria em dramaturgia Claudia Tangoa, Jonathan Oliveros e Luis Alberto León
Elenco Octavio Bernaza, Jaime Cruz, Lucas Demarchi, Manuel García, Diana Gutierrez, Cristina León Barandiarán, Ximena Rodríguez e Álvaro Toledo
Treinamento vocal Alessandra Rodríguez
Coreografia Mirella Carbone
Visuais Lucho Soldevilla
Projeto de iluminação Jesús Reyes
Produção Siu Jing Apar
Coordenação técnica no Brasil Bruno Garcia
Assistente de produção no Brasil Carla Gobi e Claudia Torres
Assessoria jurídica no Brasil Martha Macruz de Sá
Produção no Brasil Pedro de Freitas – Périplo