Estreito/Estrecho
Teatro Experimental do Porto (TEP) e Teatro La María
Teatro
Portugal | Chile
14 anos
80'
Há 502 anos, o navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521) liderou uma expedição espanhola que “descobriu” uma passagem natural no extremo sul da América do Sul, entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Em “Estreito/Estrecho”, as companhias portuguesa Teatro Experimental do Porto (TEP) e chilena Teatro La María investem na sátira e na crítica para problematizar a figura que dá nome ao Estreito de Magalhães, que acabou assassinada numa emboscada nas Filipinas.
Fugindo de uma simples anedota histórica e de ordem cronológica, diferentes abordagens cênicas questionam, profanam e mergulham na aventura de um grupo de homens face ao desconhecido, à conquista e à mudança de paradigma.
A montagem mistura estilos, opiniões e visões desde os primeiros minutos, quando um vídeo projetado ao fundo da cena mostra integrantes dos dois grupos (são três atuantes de cada lado), em distintos planos, ressabiados quanto ao trabalho em colaboração. Replicam ou, melhor, performam sobre xenofobias e malefícios de heranças colonizadoras que se conhece.
O palco torna-se então veículo de transgressão em que criadores transfiguram suas questões, dúvidas e conflitos, como se respondessem a um espetáculo de sublevação. A mesma que o pioneiro da circum-navegação enfrentou nos antigos navios no meio do oceano e, depois, na conquista sangrenta de terras.
Afinal, como operar artisticamente a partir do mito? “O que se passa com figuras como Fernão de Magalhães é que há sempre uma provocação, múltiplas visões sobre a sua imagem e tudo o que ela representa. Portanto, estas questões estão também presentes na obra: a desconfiança, a manipulação, a ignorância”, conta o chileno Alexis Moreno, dramaturgo e coencenador. “Logo, à partida, nem precisamos inventar muito; bastou perceber as visões que cada território tem sobre Fernão de Magalhães para termos material para uma teatralidade e criarmos uma história falsa”, diz o português Gonçalo Amorim, coencenador.
Tampouco faltam reparações, culpas e omissões nessa confluência de carnalidades, sonoridades e sensorialidades, que parte da recepção crítica leu também com camadas absurdas e surrealistas.
Quem são
Teatro Experimental do Porto (TEP) é a mais antiga companhia portuguesa e precursora do teatro moderno, desde 1953, então sob a direção artística de António Pedro. Em 2012, a função foi assumida por Gonçalo Amorim, encenador residente desde 2010. Já a companhia chilena Teatro La María foi fundada em 2000 por Alexandra Von Hummet e Alexis Moreno. Desenvolve uma poética cênica própria, em que dialética e política são indissociáveis em seus trabalhos.
Ficha Técnica
Direção artística Alexandra von Hummel, Alexis Moreno e Gonçalo Amorim
Texto Alexis Moreno
Encenação Alexis Moreno e Gonçalo Amorim
Tradução para português Maria João Machado
Assistência de encenação Patrícia Gonçalves
Interpretação Alexandra Von Hummel, Alexis Moreno, Gonçalo Amorim, Manuel Peña, Patrícia Gonçalves e Pedro Vilela
Cenário e desenho de luz Rodrigo Ruiz
Realização plástica e figurinos Catarina Barros
Suporte para realização plástica e figurinos Nuno Encarnação
Direção técnica Cárin Geada
Produção Patrícia Gonçalves (TEP) e Horácio Perez (Teatro La Maria)
Direção técnica no Brasil André Cajaiba
Técnico de luz no Brasil Emerson dos Santos (Nono)
Técnico de som no Brasil Rafa Rouxinol
Advogada no Brasil Martha Macruz
Direção de Produção no Brasil Stella Marini – Púrpura Produções Artísticas
Coprodução Teatro Municipal do Porto, Teatro Experimental do Porto e Teatro La Maria
O TEP é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal/Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes e apoiada pela Câmara Municipal do Porto.