Dança
Portugal
16 anos
120'
12 set ∙ Segunda ∙ 19h00
Centro Cultural Português (Teatro Armênio Mendes)13 set ∙ Terça ∙ 19h00
Centro Cultural Português (Teatro Armênio Mendes)A atriz e encenadora Mónica Calle conta ter conhecido a bailarina, coreógrafa e professora Luna Andermatt (1925-2013) nos últimos cinco dos 87 anos de vida dela. Em certa medida, a troca pontual com a sabedoria da mulher de convicções fortes, precursora da dança portuguesa e cofundadora da Companhia Nacional de Bailado (1976), a fez ver e ouvir compulsivamente coreografias de danças clássicas e ensaios de orquestras.
Calle dividiu essa história com o público antes de uma das apresentações da temporada de estreia de “Ensaio para uma Cartografia” em Lisboa, em 2017. Enquanto falava por alguns minutos, segurava nas mãos uma sapatilha, ladeada pelo elenco exclusivamente feminino que ainda carregava seus instrumentos nas capas.
Boa parte da equipe estava há três anos nesse processo, e mesmo assim chegava àquela etapa sem saber muito o que ia acontecer. “Muda uma coisa essencial que tem a ver com esse trabalho. Uma ideia de inocência. trabalhando sobre materiais que não são nossos. Portanto, temos essa grande liberdade, somos inocentes nessa abordagem”, disse.
A ideia matricial é: a partir dos ensaios de orquestra de maestros renomados e dos movimentos do balé clássico, um grupo de atrizes dança. Mas não só. Por vezes toca instrumentos ou até sola na ponta dos pés. As entrelinhas, entretanto, é que são elas. Não há palavras, senão aquelas dos áudios originais de regentes como o romeno Sergiu Celibidache e o indiano Zubin Mehta ensaiando seus músicos.
A repetição, quintessência das artes cênicas, é senhora da melodia, da harmonia e do ritmo nessa obra que sublima a coralidade. A evolução minimalista das artistas de corpos nus em movimentos moderados e constantes é marcada pelo “Bolero”, a peça invariável do francês Maurice Ravel (1875-1937). Aliás, originalmente composta para dança.
Não por acaso, espiritualidade e memória tornaram-se estruturantes nas pesquisas da Calle, bem antes do advento da pandemia.
“Este espetáculo é também a construção de uma família, a procura de uma religação, através do erro, da falha, da insegurança, da inevitabilidade da imperfeição, da fragilidade e da transformação do corpo, mas também da força, da exigência e do rigor. Celebrar a vida”, diz ela, ao voltar em cartaz em 2021.
Quem é
Nascida na Espanha e criada em Portugal, Mónica Calle (1966) soma três décadas de carreira. Em 1992, fundou a companhia de teatro Casa Conveniente. Em 2014, migra do Cais do Sodré para a Zona J de Chelas, através da circulação de peças por Lisboa, daí a extensão do nome para Zona Não Vigiada.
Ficha técnica
Direção Mónica Calle
Assistente de encenação José Miguel Vitorino
Elenco Carolina Varela, Ana Água, Sílvia Barbeiro, Lucília Raimundo, Sofia Vitória, Joana Santos, Maria Inês Roque, Miu Lapin, Sofia Dinger, Roxana Ionesco, Mafalda Jara, Mónica Garnel e Mónica Calle
Desenho de luz José Álvaro Correia
Direção de luz Renato Marinho
Técnico de som Vasco Gomes/João Sousa
Fotografia Bruno Simão
Produção Sérgio Azevedo e Casa Conveniente/Zona Não Vigiada
Coprodução Teatro Nacional D. Maria II
Produção no Brasil Daniele Sampaio – SIM! Cultura
Assistência de Produção no Brasil Cadu Cardoso
Coordenação Técnica no Brasil Melissa Guimarães
A Casa Conveniente/Zona Não Vigiada é uma estrutura financiada pela Direção-Geral das Artes/República Portuguesa-Cultura