Teatro
Cuba
18 anos
70'
Peça de teatro documental contemporâneo, “BaqueStriBois” parte de uma investigação a um só tempo antropológica, social e artística acerca da prostituição masculina gay e das masculinidades dissidentes em Cuba. A pesquisa teve início em 2015, ainda que o dramaturgo e diretor José Ramón Hernández trabalhasse sobre os temas havia anos.
A aproximação do fenômeno se deu a partir do contato direto com clientes, michês fixos e avulsos, arrendatários de locais de encontro, policiais e advogados, além da leitura de estudos sobre a atividade realizada em território cubano e em outros países, já que se trata de uma realidade global.
No entanto, a obra não expõe os achados da investigação sob uma perspectiva sociológica. Antes, foca no aspecto sensível: na violência e erotismo dos corpos, nas masculinidades que são empoderadas ou subvertidas na relação entre o espectador e seu olhar.
Segundo a dramaturgista e pesquisadora Yohayna Hernández, a criação trabalha a fisicalidade ao limite. O corpo do ator como zona de risco.
Uma paisagem cênica é construída conforme as operações que os próprios atores fazem com seus corpos e outros materiais. A visualidade combina a aspereza, a força bruta e a precariedade de algumas das intervenções. A exemplo da chuva de pedras que cai sobre o corpo de um atuante, da rispidez do treinamento militar e do corpo submetido a golpes, maus tratos e humilhação.
Redimensiona-se ainda o erotismo, a sensualidade e a fragilidade, como no corpo que dança merengue e apaga uma masculinidade hegemônica, inscrevendo outro corpo na pele. Ou no corpo lúdico que encontra prazer em colidir com outros corpos.
Na dramaturgia, a presença e a mutabilidade corporais se alternam com a irrupção de outras vozes. Um advogado, uma drag queen, duas transexuais, um cliente e dois prostitutos compartilham experiências de vida, conexões e pontos de vista em voz off, vídeo ou fisicamente. A essas camadas sobrepõe-se uma atmosfera sonora e visual que recria os espaços de Havana por onde passam esses corpos e histórias.
Quem são
Osikán – Vivero de Creación conjuga pesquisa e ação no convívio de artistas, especialistas, ativistas e comunidades. Imagina estratégias do sensível para potencializar diálogos críticos, reparar feridas sociais em contextos de vida e trabalho na atualidade. Fundada em 2014 por José Ramón Hernández (1988), artista interdisciplinar afro-cubano, docente e gestor cultural. “BaqueStriBois” (2016) fecha a Trilogia da Ausência, sucedendo a “Family Trash, Coreografía de la Ausencia” (2015) e “Aleja Tus Hijos del Alcohol, un Karaoke Escénico” (2014).
Ficha técnica
Dramaturgia e direção José Ramón Hernández
Dramaturgista Yohayna Hernández
Consultoria de gênero e comunicação Marta María Ramírez
Performers Alain Cantillo Moreno, Gabriel Reyes e David Izaguirre
Especialista em vida Rufino Nápoles
Convidade especial Tila Rios
Projeto cênico José Ramón Hernández e Roberto Ramos Mori
Design e produção audiovisual Roberto Ramos Mori e Gabriel Estrada Reyes
Design de trilha sonora José Ramón Hernández e Oscar Sánchez
Música original Oscar Sánchez
Cenotécnico Edson Luna
Operação de luz Felipe Tchaça
Produção no Brasil Carla Estefan e Rafael Ferro
Assistente de produção Samuel Rodrigues
Assessoria Jurídica Martha Macruz
Produção e difusão no Brasil Metro Gestão Cultural