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SOU UMA ÓPERA, UM TUMULTO, UMA AMEAÇA

Causas Comuns

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Teatro

Portugal

12 anos

75'

R$30 inteira

R$15 meia entrada

R$10 credencial plena

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A aristocrata britânica Margaret Cavendish (1623-1673), que transgrediu todas as regras atuando como filósofa, poeta, cientista, romancista e dramaturga, é um dos motores da criação de Cristina Carvalhal numa produção da estrutura Causas Comuns.

No brilhante ensaio “Um Teto Todo Seu” (1929), citado em cena, a inglesa Virginia Woolf (1882-1941) diz, pragmática, que para escrever ficção a mulher precisa de quinhentas libras por ano e de um lugar para si, nada além. A exemplo da duquesa de Newcastle, assim lembrada: “Que visão de solidão e rebeldia, o pensamento de Margaret Cavendish incita! Como se um pepino gigante tivesse se espalhado por sobre as rosas e cravos no jardim e os tivesse sufocado até a morte”, ilustra Woolf.

Numa narrativa grávida de metaficção, libertária em termos de cânones e disposta a fazer do mundo das artes o seu laboratório por excelência, quatro atrizes dispõem múltiplas perspectivas de uma história, como se de um fluxo de consciência se tratasse. As palavras se deixam vaguear pelo espaço, são imagéticas e operam como uma lupa em detalhes que vão encontrando pelo caminho.

A “narrativa-conferência-instalação-corporização de ideias”, no dizer da encenadora, evoca a figura de uma escritora obcecada pelo funcionamento da mente consciente, enquanto tenta escrever um romance cuja protagonista, uma artista plástica, anseia tanto ver as suas obras reconhecidas quanto Cavendish.

“Uma história com outras histórias dentro, ou como contar uma história, ou sobre a nossa cabeça quando tentamos contar uma história. Uma fantasia, uma paisagem mental”, acrescenta Carvalhal.

O espetáculo questiona a discriminação de gênero tomando por base o livro “O Mundo Ardente” (no Brasil, “O Mundo em Chamas”), da norte-americana Siri Hustvedt.

“Se o discurso artístico pode ser considerado, por natureza, um discurso contracorrente, porque é que ainda assim, no seu seio, se mantêm e se reproduzem determinados estereótipos? Uma cadeia de associações subliminares que remonta aos antigos gregos parece continuar a ligar masculino, intelecto, alto, áspero, espírito e cultura, por oposição a feminino, corpo, emoção, suave, baixo, carne e natureza”, afirma Hustvedt, filha de mãe norueguesa e pai americano.

Quem são
Fundada por Cristina Carvalhal (1966), em 2004, a estrutura Causas Comuns é um espaço de confluência de artistas, em torno de ideias, para a criação de espetáculos teatrais. Convocando cúmplices habituais e criadores emergentes, privilegia a presença de mulheres em todos os cargos decisórios, promovendo a singularidade de artistas e obras para criar espaços de ressonância entre o mundo, artistas e públicos.

Ficha técnica
Criação Cristina Carvalhal
Cenário e figurinos Nuno Carinhas
Interpretação Inês Rosado, Manuela Couto, Rosinda Costa e Sara Carinhas
Assistência de encenação Alice Azevedo
Luz Rui Monteiro
Luz no Brasil Diana Santos
Som Sérgio Delgado
Som no Brasil Sérgio Milhano
Adereços João Rapaz
Produção executiva Sofia Bernardo
Produção no Brasil Júlia Gomes – CenaCult
Agradecimentos Ana Luísa Amaral, Pedro Filipe Marques e associação cultural Teatro Meia Volta e Depois à Esquerda Quando Eu Disser
Apoio Fundação Calouste Gulbenkian
Coprodução Causas Comuns e São Luiz Teatro Municipal

A Causas Comuns é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal – Ministério da Cultura/Direção Geral das Artes