O que a arte e a medicina têm em comum?

NOTAS DA REDAÇÃO

Na porta do Teatro Rosinha Mastrângelo, à espera do terceiro sinal, conversamos com o santista e estudante de medicina, Ramon Ferreira, 24 anos, que veio da sua atual cidade, Maringá, no Paraná, exclusivamente para o Mirada.

Criado em um ambiente com incentivo à arte e à criatividade, seu primeiro contato com o teatro, ainda criança, teve como ponto de partida os fantoches. Ao longo dos anos, se aproximou das artes cênicas e nos contou que nunca perdeu uma edição do Festival.

Entre os espetáculos da sua agenda, estava a peça “Hay que tirar las vacas por el barranco”, das companhias La Caja de Fósforos, La Máquina Teatro e Circuito de Arte Contrajuego. Sua escolha se deu com base na questão central da dramaturgia: a saúde mental.

Baseada em textos do livro “Las Voces del Laberinto”, do jornalista e escritor catalão Ricard Ruiz Garzón, a peça dirigida por Orlando Arocha reúne cinco testemunhos de casos reais de esquizofrenia.

Foto: Lisbeth Salas

Ao nos apresentar pacientes ou familiares cujas vidas foram enredadas por graves afecções mentais crônicas, a obra questiona as concepções sociais atribuídas a essas pessoas e denuncia métodos agressivos de tratamento, como por exemplo, o eletrochoque.

Após o espetáculo, conversamos com Renan, em busca de saber o que ele achou:

“É uma peça com depoimentos muito intimistas e fundamentais pra gente entender acerca dessas pessoas que são tão marginalizadas na sociedade, e pra gente entender um pouquinho o lado delas, sobretudo, para acolhê-las e evitar que aconteçam situações como as que foram relatadas”.

Em um desfecho simbólico, que conecta a ciência à arte, o espetáculo nos provoca. Há quem ache o título da peça desconexo e há quem volte para casa pensando em suas próprias vacas e seus próprios barrancos.

por Juliana Pithon