Djamila

Decolonialidade: Djamila Ribeiro abre as Ações Formativas do Mirada

NOTAS DA REDAÇÃO

“O processo decolonial é a gente contar a nossa história não só a partir da perspectiva da dor, do colonizador, como se a nossa história não começasse antes, em África e mesmo no período da escravidão, como se não estivéssemos pensando uma série de saídas emancipatórias”.

Um dos mais profícuos e ativos nomes das ciências humanas no mundo contemporâneo, Djamila Ribeiro, realizou a Conferência de Abertura das Atividades Formativas do Mirada.

À luz do pensamento de intelectuais como Lélia Gonzalez, Carla Akotirene, Juliana Borges, Carolina Maria de Jesus, Sueli Carneiro e Linda Alcoff, Djamila falou sobre a interseccionalidade como ponto de partida na construção do pensamento decolonial.

A filósofa também chamou atenção para o fato de que as opressões não se constituem no campo do abstrato, muito pelo contrário, elas definem o locus social.

O encontro também teve como norte, os conceitos de “pretuguês”, que reflete sobre a formação da linguagem e o privilégio epistêmico, e o de “amefricanidade”, que sugere uma retomada da narrativa em relação às ancestralidades ameríndia e africana.

Para Ribeiro, pensar a decolonialidade significa não só romper com o pacto narcísico da branquitude, mas discutir os arranjos geopolíticos e a nossa dependência do Norte global.

“Quem diz o que é arte e o que não é?” Neste campo, questões como o saqueamento histórico da colonização, por exemplo, as repatriações de obras de arte, foram abordadas no sentido de desconstruir a explicação eurocêntrica, que confere ao pensamento ocidental a exclusividade.

Ao abordar o conceito de colorismo, que propõe uma hierarquização de pessoas negras, de acordo com sua proximidade do que é entendido por fenótipo africano, Djamila apontou para a não homogeneização da negritude.

Com olhar para as insurgências decoloniais, as Atividades Formativas são gratuitas e acontecem até o domingo, 18 de setembro.

Confira a programação completa aqui!

MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas  

Criado em 2010 para evidenciar a diversidade de estéticas e as pesquisas nas artes cênicas dos países da América Latina e Península Ibérica, o MIRADA chega à sua sexta edição reforçando as similaridades e pluralidades que se estabelecem entre a produção desses países na cidade de Santos, que carrega, além de sua beleza natural, a vocação de palco perfeito para evidenciar e proporcionar o intercâmbio entre os povos. 

09 a 18 de setembro de 2022 

Adquira seus ingressos para os espetáculos a partir das 15h do dia 25/08.
Mais informações em sescsp.org.br/mirada

por Juliana Pithon