“Como posso enriquecer minha expressão estética? É no contato com os homens. Não estamos mais do que preparados para este encontro? Cultura é isso, é ressignificar as relações humanas. É o mano a mano, o contato, a solidariedade, a troca de dados, o ombro a ombro, espetáculo por espetáculo.”
Lá em 2010, na 1ª edição do Mirada, o diretor teatral Antunes Filho (1929-2019) nos deu esse depoimento cheio de expectativas e desejos para a chegada do Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas do Sesc.
De lá pra cá, sob seu comando, o Centro de Pesquisa Teatral Sesc marcou presença em todas as edições do festival, veja aí:
2010 – POLICARPO QUARESMA
O romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto (1881-1922) foi teatralizado por Antunes Filho em uma montagem que misturou o circo, o teatro de revista e as operetas.
2012 – LAMARTINE
No enredo, um conjunto ensaia as inesquecíveis canções de Lamartine Babo. Intercalando o ambiente de um sarau e diálogos pontuais, o espetáculo lembrou canções famosas do homenageado.
2014 – OFICINA: O CORPO EXPRESSIVO
A percepção e a sensibilização do ator, a construção da expressão e a potencialidade do corpo no intérprete foram trabalhados na oficina, ministrada por atores do CPT.
2016 – BLANCHE
A montagem do clássico Um Bonde Chamado Desejo, do americano Tennessee Williams, foi toda encenada em “fonemol”, uma língua inventada e improvisada emitida pelos atores (lembra o russo).
2018 – EU ESTAVA EM MINHA CASA E ESPERAVA QUE A CHUVA CHEGASSE
Na peça de Jean-Luc Lagarce, cinco mulheres esperam o retorno do filho de uma delas, que havia sido expulso de casa pelo pai. Na encenação de Antunes Filho, a narrativa é cheia de lacunas e surpresas.
Agora, em 2022, nos preparamos para viver a primeira edição do Mirada sem a presença física do diretor.
No mano a mano, ombro a ombro, espetáculo por espetáculo, a festa continua.
Evoé, Antunes!